Quando o planeta já não mais podia suportar a humanidade, uma luz brilhou no horizonte e subiu aos céus.

sábado, 5 de março de 2011

103. Opções

-Três meses.

-Mesmo com todos os recursos que os Deuses dispõem, eles levaram três meses para encontrar o local da queda? -me surpreendi. -Tem algo errado aí, só pode!

-Queria poder fazer algo a respeito... -choramingou Lisie, inspirando fundo -pelos meus companheiros do RR.

-Vocês não tentaram contatar outras unidades do RR? Talvez eles possam ajudar.

-Eu queria ter tentado, mas a antena no topo do prédio foi avariada alguns anos atrás, segundo Passan.

-Infelizmente é isso mesmo -completou Passan, entrando no dormitório com outro prato de caldo fumegante. -Desde o fim da guerra eu vinha transmitindo, para quem pudesse e quisesse ouvir, as músicas que encontrei no music-player em meu passeio pela cidade, mas alguns anos atrás uma tempestade destruiu a caixa de transmissão na base da antena.

-Ao meu ver, temos algumas opções. Podemos consertar a antena, pedir ajuda ao exército de Amrak, investigar por nós mesmos ou simplesmente ignorarmos tudo isso e deixarmos que eles sem matem.

Pouco depois me arrependi de ter dado as opções e continuado com aquela história. Eu sabia que o exército de Amrak não faria o menor esforço em nos ajudar. Pelo contrário, dar essa informação a eles seria adicionar mais uma variável à equação já bastante complicada. Até minha saída das forças armadas da cidade de Amrak eles aparentemente nada sabiam sobre a queda de tal aeronave, e não seria eu a lhes contar. Deixar a história de lado também parecia fora de cogitação, segundo o olhar triste de Lisie. E como eu não estava para missões suicidas, apesar das inúmeras besteiras e situações de riscos que já me colocara antes, investigarmos por nós mesmos estava fora da minha lista. Restava apenas dar um jeito na antena, e torcer para que ela nos colocasse em contato com o resto dos rebeldes do Rosa Radioativa. Mas obviamente não seria assim tão simples:

-Passan, você sabe exatamente o que há de errado com o transmissor e onde conseguimos peças de troca?

-Nem um nem outro. Depois que a passagem pelas escadas foram fechadas nunca mais subi lá. Quando a antena parou de funcionar, tentei fazer o possível remotamente, mas não houve meio. Parei de fazer as transmissões, e desde então só consigo recebê-las. Lisie foi lá em cima olhar para mim, uns tempos atrás, mas não conseguiu identificar o problema.

-Sei... -e respirei fundo, sabendo que outro passeio ao terraço me aguardava.

-Talvez haja peças para troca aqui mesmo no prédio! -tentou ser otimista, enxugando as lágrimas do rosto e sorrindo para mim.

-Sei... -repeti, e comecei a me preparar mentalmente.

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