Quando o planeta já não mais podia suportar a humanidade, uma luz brilhou no horizonte e subiu aos céus.

sábado, 14 de março de 2009

34. Anne

Thompson passou aquele dia todo me ensinando noções básicas de direção. Eu achava mais fácil que ele simplesmente dirigisse, mas fui convencido de que era melhor que nós dois soubéssemos guiar um carro. Muita coisa eu já havia aprendido com meu pai, muitos anos antes, mas nunca tinha tido oportunidade de assumir o volante de veículo algum. Eu estava ansioso para começar a dirigir de verdade, mas os primeiros metros que percorri foram cheios de solavancos e freadas bruscas.

-Vejo que está progredindo bem! - falou Mark animado, tentando disfarçar sua verdadeira opinião sobre meu fiasco de direção. Era final de tarde e a pouca luz que iluminava o dia sumia rapidamente.

-É... bem... pelo menos consegui não bater o carro ainda. - Resmunguei sem jeito. -E sobre o atentado, já descobriram algo?

-Ainda não sabemos quem foi, mas temos suspeitos - falou. - De qualquer forma, temos coisas mais importantes para tratar. Essa é minha sobrinha, vocês a levarão a Amrak.

Tirei meus olhos do câmbio, onde tentava engatar a marcha do carro, e olhei para Mark. Foi então que a Terra parou de girar. Os últimos raios de sol que se espremiam pelas nuvens. A brisa terminou sua melodia e silenciou. Um lobo uivou na escuridão. Ao lado do padre-sherife havia um anjo, de cabelos dourados como o sol, olhos azuis como céu e a pele branca como a neve mais pura. E ainda que eu nunca tivesse visto o sol ou céu, sabia que ela os levava consigo.

-Ela é linda, não é? - cochichou Thompson ao meu lado, mas levou um longo tempo até que meu cérebro captasse a mensagem e a processasse. -E pode tirar o pé do acelerador, que a marcha não está engatada e esse cheiro de fumaça tá me incomodando.

-Ãh??

-Vocês devem partir ao amanhecer. Não quero correr riscos à toa. Alguém pode acabar reconhecendo vocês por aqui, e uma caravana que chegou enquanto vocês estava presos nos trouxe informações de que um grupo dos Piratas da Neve anda rondando a região. -Ele falava alto, para que pudéssemos ouvi-lo por cima do barulho que o carro fazia enquanto eu o acelerava sem parar. Sua voz era séria, mas não parecia muito preocupada. -Mandarei uma patrulha acompanhá-los nas primeiras horas. E então seguirão viajem sozinhos.

-Sim, senhor -falou Thompson, em tom honroso, enquanto desligava a chave e a tirava do contato.

-Ãnnh? -Balbuciei. E então finalmente consegui formular uma frase. -Como você se chama?

-Anne.

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