Quando o planeta já não mais podia suportar a humanidade, uma luz brilhou no horizonte e subiu aos céus.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

49. Thomps...

-Anne? Anne? -Chamei nervoso. Mas Anne não respondeu. Me aproximei da pequena abertura na parede, tentando avistá-la na escuridão. Saquei minha arma e apontei para o vazio. Juntei o que me restava de coragem, me esforçando para minhas mãos pararem de tremer, e me aproximei ainda mais. Minha cabeça estava a meio palmo da abertura quando uma voz me fez cair para trás na neve fofa.

-Nuke, largue a arma e faste-se. Agora. -Era a voz de Anne, calma e quase sem emoção, vinda da escuridão. Eu tremia como se estivesse deitado nu naquela neve, mas forcei minhas mãos obedecerem e largarem a arma. Levantei, fazendo força para me apoiar em minhas pernas bambas, e me afastei rápido para o outro lado do pátio que havia entre os prédios, em direção ao carro.

Havia um silêncio profundo entre os prédios naquele momento. O vento que soprava colina abaixo tinha cessado, deixando apenas o eco de seus gritos por entre as dunas de neve. Eu meio corria e meio andava em direção ao carro, rezando para que Thompson estivesse ali e pudesse ajudar. Ele sabe o que fazer, ele sabe o que fazer, repetia em minha mente. E, enquanto me apressava, arrisquei olhar por cima do ombro, antes mesmo de raciocinar que aquilo podia não ser uma boa idéia. Mas não havia nada atrás de mim, e ninguém saia pela abertura.

Fiz a curva pela lateral do prédio e parei ao lado do carro. Olhei para dentro do veículo, tirando parte da neve havia se acumulado nos vidros no tempo em que permanecemos lá dentro, mas Thompson não estava lá. Então um misto de frustração, medo e desespero tomou conta de mim. Corri para a outra borda do prédio, lutando contra a neve acumulada no chão, e olhei para a entrada do prédio, que agora se resumia a um rombo na parede, destroços pelo chão e marcas de uma explosão. Também não havia ninguém na colina em frente, de onde o míssil havia sido disparado, apenas o lançador abandonado na neve. Os veículos dos Deuses tinham as portas abertas e pareciam vazios. Pensei em gritar, chamando Thompson, mas essa era outra idéia ruim, e me contive antes de colocá-la em prática. Eu estava sozinho, e precisava agir. Abandonar Anne não estava em meus planos. Corri novamente para o pátio de trás, tentando não deixar o desespero tomar conta de mim. Olhei pela lateral do prédio e vi Anne se arrastando para fora da escuridão.

-Anne! Anne! -Chamei baixinho, enquanto gesticulava para que ela corresse até mim. Mas ela não ouviu, e continuou agachada próxima à abertura.

Foi então que um barulho de motor ecoou pelas colinas silenciosas. Alguém havia ligado um dos veículos da frente do prédio. E antes que eu pudesse desejar ter minha arma em mãos, um enorme limpador de neves virou pela lateral do prédio e avançou pelo espaço que havia entre o carro e a parede, empurrando uma parede de neve em minha direção.

-Thomps...-tentei gritar, antes de minha garganta se encher de neve e minha visão se turvar.

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