Quando o planeta já não mais podia suportar a humanidade, uma luz brilhou no horizonte e subiu aos céus.

segunda-feira, 1 de junho de 2009

44. Corredores e Computadores

Anne e eu ficamos estáticos. O governo estava ali. Ou a parte dele que havia sobrevivido à Explosão, o cadáver ambulante do antigo poder, que devia ter ficado no passado e que teimava em não se deitar sete palmos debaixo da neve, escombros e terra radioativa. Thompson era o único que parecia saber o que fazer, deixando que seu treinamento assumisse o controle. Revirou todas as funções do aparelho que a pouco tinha nos alertado da presença de visitas, mas nenhuma parecia agradá-lo.

-Vamos, precisamos chegar à sala de comando central -ele então pegou sua arma, guardou o aparelho no bolso e saiu andando, ignorando as duas estátuas que éramos ao seu lado. -Andem logo, porra! E tratem de tirar essas pistolas dos bolsos, ou vocês acham que elas vão disparar sozinhas?

Nos esforçamos para fazer nossas pernas se mexerem e segui-lo. Avançamos pelos corredores correndo, tentando nos manter em seu encalço, enquanto ele disparava pela escuridão sem perder tempo. Eu já tinha me perdido muitas esquinas antes, quando finalmente ele parou, fazendo-nos deslizar pelo piso para evitarmos trombar. Era uma porta qualquer, igual a todas as outras daquele prédio. Qualquer um passaria por ela sem reparar no pequeno painel no lugar da maçaneta.

-Espero que ainda funcione, depois de todos esses anos - falou Thompson, passando a mão perto da pequena tela, que se iluminou mostrando um teclado numérico. Ele digitou uma senha e o teclado mudou para o desenho de uma mão. Mal teve tempo de aproximar sua mão e o scanner do painel já a tinha identificado. Finalmente ele se abaixou e deixou que o aparelho identificasse sua retina. -É, grande coisa. Antes disso tudo acontecer nos disseram que esse tipo de segurança podia ser facilmente quebrada ou hackeada. É... grande coisa mesmo... -desabafou.

A porta, apesar de parecer como as outras, era de aço e extremamente grossa, assim como as paredes que formavam a sala. Incrivelmente o espaço interno era gigantesco, ainda que houvessem máquinas e computadores do chão ao teto. Logo ao entrarmos as luzes se acenderam e um zumbido tomou conta da sala quando muitos monitores e computadores ligaram. Thompson já estava familiarizado com aquele lugar, pois arrastou uma cadeira e sentou-se correndo em um dos computadores, enquanto eu e Anne ficávamos novamente estáticos, olhando em volta. Ele digitava coisas freneticamente no teclado virtual que se projetava na mesa diante de si, e a cada exatos 10 segundos murmurava maldições ou xingava baixinho. Nos monitores espalhados pelo teto podíamos ver, de vários ângulos, os veículos se aproximando pela estrada. Em minutos estariam na entrada.

-Thompson, seja lá o que formos fazer, acho melhor que seja logo -falei preocupado, tentando dominar a adrenalina que explodia qualquer limite dentro de mim.

-Jura?! Cala a boca e me deixa pensar -seu tom de voz era extremamente irritado e impaciente, mas não se deu ao trabalho de tirar os olhos do monitor para descarregar a tensão em mim.

-Thompson, eu posso ajudar em alguma coisa? -Arriscou Anne, falando no tom de voz mais amável que conseguiu fazer transpor o medo que a consumia.

-... -mas Thomspon cometeu o erro de olhar para ela, e foi incapaz de terminar a resposta. Porém, quando girou na cadeira e voltou ao computador, não se conteve: - Achei! Filhos-da-puta, agora eu mando vocês pro inferno de onde saíram!

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