Quando o planeta já não mais podia suportar a humanidade, uma luz brilhou no horizonte e subiu aos céus.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

37. Desvios

-Thompson. Estamos dirigindo a horas, e esse já é o segundo dia. -Mas Thompson estava cochilando, roncando baixinho, e não tinha ouvido. Cutuquei-o para que acordasse e então repeti. - Já estamos na estrada faz horas. Mark tinha dito que eram apenas 300 quilômetros até Amrak, mas aposto que já andamos mais que isso.

-Sim, você está certo. Mas onde paramos para descansar ontem, na hora do almoço, tomamos um desvio. -Falou Thompson, sem tirar os olhos da estrada. -A estrada em que deveríamos estar, que segue o leito do rio, foi bloqueada e desviada para esta. Percebi que havia algo errado, mas não quis assustar ninguém. E, além do mais, essa estrada parecia estar em melhores condições do que aquela estaria.

-Mas você sabe pra onde estamos indo, não é? -Perguntei alarmado. -E porque não nos contou antes?

-Não. Sei que devia ter contado, mas como disse, preferi não assustar você e a Anne. Mas isso não importa, realmente. Ontem a noite conversei com os garotos que estavam nos acompanhando e chegamos a conclusão de que o melhor era que nós seguíssemos por aqui. -Apesar de parecer um pouco desconfortável por não ter nos contado, Thompson parecia confiante na decisão de não retornar a Tradeport e seguir pela rota alternativa. -Eles me contaram que os mercadores que chegam à Tradeport fazem esse caminho já a alguns meses, mas que ninguém se deu ao trabalho de avisar ao sherife Mark que a rota original está bloqueada.

-Como assim? Porque esconder que alguém fez isso?

-Eles temem que, se Mark souber do bloqueio, vai querer removê-lo. E, além de muito trabalho, isso significa descobrir o responsável e impedir que ele refaça o bloqueio. Sabemos, pelo que vimos hoje, que os Escravizadores estão metidos nisso, mesmo que apenas oportunamente, e mecher com eles é pedir guerra.

-É, sei como é... Já fui escravo e isca pra escravizador... Lembra?

-É verdade, tinha me esquecido. -Thompson ficou em silêncio por um tempo. Pensei que ele estivesse imaginando um confronto contra os Escravizadores, mas pouco depois ele falou, animado. -Vire aqui, reconheci onde estamos!

Eu estava dirigindo com gosto, a mais de 100 km/h, e fui pego de surpresa pela ordem de Thompson. Virei o volante com vigor demais, e logo depois estávamos rodando pela neve e gelo. Por pura sorte o carro não atolou na neve e pudemos seguir pelo pequeno desvio soterrado de gelo que havia entre um punhado de árvores mortas. Andamos por certa de 30 minutos, até que a estradinha precária, ladeada por pedras e restos de árvores, terminou em uma longa descida. Adiante de nós, no fundo de um pequeno vale, havia um imenso complexo de construções enormes. Em um portão de grade arruinado havia os resquícios de uma placa. "Propriedade Governamental - Proibída a entrada", dizia.

-Anda logo Nuke, vamos descer. Estou congelando aqui! -Falou Anne, pela primeira vez desde que escapamos dos Escravizadores.

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