Quando o planeta já não mais podia suportar a humanidade, uma luz brilhou no horizonte e subiu aos céus.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

50. Refém

A próxima coisa de que me lembro é de sentir os tapões que Thompson desferia contra minhas costas. Ele esperava que eu desengasgasse, e de fato isso aconteceu, mas o fato é que metade da neve foi ao chão, e a outra metade desceu congelando minha garganta. Tossi loucamente, em vão. Pude sentir quando aquele volume gelado caiu como uma bomba em meu estômago.

-Va-valeu, Thompson. Eu acho...

-Certo, agora cadê a Anne? Temos que sair daqui, eles logo vão sacar que não estamos mais lá dentro. -E olhou em volta, conferindo se Anne não estava, também, soterrada na neve.

-Anne! -E, num impulso, puxei Thompson pelo braço e comecei a correr de volta ao buraco. Mal fizemos a curva na lateral do prédio, paramos. Anne ajudava alguém a sair do buraco, e tão logo pôs-se de pé, reconhecemos o símbolo dos Deuses no uniforme preto daquela pessoa.

-Afaste-se dela, imediatamente! -Falou Thompson, quase gritando. Alto demais. Percebeu tarde, fazendo careta quando as colinas cantaram de volta sua voz. Depois continuou, um pouco mais baixo, mas ainda decidido. -Afaste-se agora. Não hesitarei em atirar!

Mas hesitou. Imediatamente o homem se abrigou atrás de Anne e colocou o cano de sua pistola na têmpora de Anne. Ela era agora refém, e era a vez do soldado dos Deuses fazer exigências. Mas foi Anne quem falou primeiro:

-Thompson, isso não é necessário. Ele não quer nos machucar.

-Cale-se Anne, ou ele vai matá-la. Essa gente não tem piedade. Nunca tiveram!

-Cale-se você e ouça o que a garota diz, seu falastrão. Eu não quero mesmo machucá-los. -E apertou-se ainda mais em Anne, garantindo que Thompson não pudesse mirar em suas pernas ou braços com facilidade sem atingir a companheira. -Não quero mais ser membro dessa organização. Não quero nadar em mentiras e corpos até que a morte me encontre.

-Rá! E, em que mundo doentio da sua cabeça, você achou que confiaríamos em você? -desafiou Thompson. -Solte a garota, diga-nos seu nome e mostre seu rosto, e então pensamos em conversar.

-Thompson, pare com isso e abaixe a arma, eu acredito nele! -defendeu Anne. Em vão. Thompson fazia que não com a cabeça e mantinha a arma em riste.

-Ok. Farei isso -e largou a pistola, que afundou na neve fofa. Continuou atrás de Anne, evitando a mira de Thompson, e começou a tirar a máscara de gás. Depois puxou para trás o gorro do casaco, e finalmente tirou o capuz branco que envolvia toda a cabeça. Seus longos cabelos negros escorreram até a metade das costas. -Meu nome é Lyriel.

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