Quando o planeta já não mais podia suportar a humanidade, uma luz brilhou no horizonte e subiu aos céus.

quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

21. C4

Era um absurdo. Dois morangos jamais deveriam valer mais que dois veículos. Morangos deveriam ser colhidos do natureza, frutos de um mundo vasto, verde e completo. Snowmobiles deveriam ser pesquisados, desenvolvidos e fabricados com dezenas de matérias-primas e componentes eletrônicos, frutos de um mundo tecnológico e desenvolvido. Mas o homem muda tudo, destrói aquilo que o criou e o que ele próprio criou, e agora esse era o preço disso tudo. Eu ainda tinha muito a pensar, mas meu cérebro quase deixou de existir quando um projétil estilhaçou a porta e passou raspando em minha máscara. Os piratas tinham dado pro falta do companheiro e nos encontrado, agora seu objetivo e diversão era nos exterminar.

-É agora Nuke! - disse Thompson. Ele então jogou a planta no bagageiro e tirou um pacote envolvido em fita adesiva preta - Temos um burado para tapar!

-QUE?! - gritei atônito. Mas ele acelerou o snowmobile e derrubou com facilidade a parede dos fundos da oficina. Segui-o de cabeça baixa, para evitar os tiros que não paravam de entrar pelas paredes. Passamos pela entrada do bunker em alta velocidade, mas Thompson ainda teve tempo de derrubar o pacote dentro do buraco.

-Temos cerca de dois minutos antes dessa ilha inteira ir pelos ares!

-Aquilo era o que eu penso que era?

-Sim! Um quilo inteirinho de C4!

-Pelos deuses! - exclamei engasgando, enquanto imaginava o que estaria pensando aquela criatura, no final da escada, com seu pé-de-cabras na mão, quando vindo de lugar nenhum uma bomba caiu aos seus pés.

Os tiros dos piratas ainda perfuravam a neve próxima a nós quando aconteceu. A explosão fez o chão tremer. Nas encostas do rio seco toneladas de neve cairam em avalanche. Uma núvem de fogo, neve e terra subiu centenas de metros no ar, para em seguida uma chuva de destroços cair por toda a planície. Mas Thompson errou novamente em suas previsões, pois apenas três quartos da ilha desmoronaram em uma núvem de poeira e detritos.

-Merda. Tinha esperanças que houvessem explosivos naquele bunker... Provavelmente não destruímos os veículos daqueles piratas.

E dessa vez ele estava certo. Ainda que a maioria tivesse sido pulverizada pela explosão, alguns minutos depois piratas já nos perseguiam com um jipe. Nós matamos seus companheiros, danificamos e destruímos alguns de seus veículos e acabamos com seu objetivo naquele lugar. Nossa morte seria pouco para eles. E ainda que não estivéssemos dispostos a morrer, tinhamos outro problema:

-Thompson! Nós não temos combustível!

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