Quando o planeta já não mais podia suportar a humanidade, uma luz brilhou no horizonte e subiu aos céus.

domingo, 12 de abril de 2009

38. Armas em Punho

Diferente de Anne e Thompson, eu não me sentia muito confortável em me aproximar daquele complexo. Não que ele parecesse ameaçador ou pudesse abrigar inimigos - apesar de parecer muito óbvio que abrigaria - mas era a primeira construção que eu via, em toda minha vida, que parecia intocada pela Explosão, parada eternamente no tempo. Havia neve acumulada nas paredes e nos tetos, nos parapeitos das janelas pendiam ponteiras de gelo escurecidas pela sujeira. Haviam dois veículos parados ao lado de um grande portão de ferro, como em uma garagem antiga. O maior deles, um trator amarelo, tinha a frente modificada para remover neve, enquanto o outro parecia um mini tanque de guerra. As paredes, feitas de grandes blocos de concreto, foram um dia pintada de branco, mas agora descascava sob a passagem dos anos. Grandes janelas, em sua maioria tapadas com tábuas e placas de metal, eram enormes e deviam iluminar todo o interior dos prédios.

Eu ainda estava absorvendo aquela visão inédita quando percebi que o carro estava descendo a colina. Thompson tinha se cansado de esperar que minha admiração passasse e tinha soltado o freio de mão, e só percebi quando já estávamos ganhando velocidade. Pressionei de leve o pedal do freio, para que não derrapássemos, e deixei que o carro deslizasse lentamente até o fundo do vale, enquanto ainda observava cada detalhe da magnífica estrutura. Thompson não estava preocupado com minhas sentimentalidades e tirou-me novamente de meus devaneios colocando uma pistola em meu colo, passou outra para Anne e engatilhou sua metralhadora, uma antiga AK-47 - que, ainda hoje, é uma das melhores armas que existem.

-O que faremos com isso?! -Bradou Anne, completamente desnorteada e visivelmente assustada com a arma em suas mãos. -Eu não sei nem atirar pedras em uma casa!

-É, eu também não sei atirar! -Completei.

-Vão aprender logo, vejam. -Falou Thompson, com sua calma impossível diante de situações de desespero.

Em uma das janelas mais altas uma sombra acabara de se mecher e desaparecer na escuridão.

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