-Chega dessa merda. Lisie, amplie a câmera 15 no telão -disse Passan abaixando a arma e caminhando para o fundo da sala, logo atrás de Lisie. Eu ainda olhei uma vez mais para a porta, conferindo a tranca, e então os segui.
O quadrado da câmera quinze tinha sido ampliado e mostrava, de um ângulo superior, um corredor com uma escada de serviço destruída ao fundo. Logo reconheci o lugar como sendo a entrada do esconderijo. Quem quer que quisesse entrar tinha que obrigatoriamente passar por ali. Apertamos a vista, tentando identificar algo, mas não havia nada ali. Passan navegou pelas diferentes câmeras, tentando encontrar o que havia feito os barulhos, mas em nenhuma delas havia qualquer coisa suspeita.
-Mas que... -resmungou Passan, parando antes de soltar o palavrão mas completando com um soco na mesa. Ele estava visivelmente frustrado e preocupado com a origem dos sons, e sua testa estava molhada de suor.
-Passan, porque não voltamos a imagem da câmera do corredor até a hora em que ouvimos o barulho -lembrou Lisie.
-Verdade, acabamos de usar isso e já me esqueci -Passan parecia mais aliviado com essa alternativa. Provavelmente ele pensara o mesmo que eu: cedo ou tarde teríamos que abrir a porta, fosse no dia seguinte ou semanas depois, e então teríamos de enfrentar quem, ou o que, estivesse ali. Descobrir com o que teríamos de lidar com era essencial.
Passan retrocedeu as imagens da câmera 15 para alguns instantes antes de ouvirmos os sons e então deixou-a prosseguir. Levou poucos segundos, mas todos prendemos a respiração. Um Diabo surgiu na parte debaixo da imagem, onde começava o corredor, e caminhou lentamente em direção à escada. Parou sobre o alçapão e abaixou a cabeça até o chão, voltou ao corredor e fez a mesma coisa nos cantos das paredes.
-Ele nos farejou! -exclamou Lisie, percebendo antes de Passan e eu o que o Diabo fazia ali.
Na imagem, a criatura tinha voltado ao alçapão e começado a raspar com as patas a tampa disfarçada do esconderijo de Passan. Parou por uns instantes, cheirou por todo o hall da escada, e então voltou a raspar o alçapão com ainda mais empenho, mas não por muito tempo. Desistindo de abrir a tampa o Diabo se aproximou da escada atulhada de escombros e se aninhou entre dois blocos de concreto, colocou a cabeça para trás e começou a lamber uma das patas traseiras.
-Essa coisa está fazendo o que? -perguntou Passan, fazendo careta de dúvida e incredulidade.
-Esperando a gente sair para nos atacar -respondeu Lisie, como se fosse óbvia a conclusão.
-Acho que não... acho ele está é se escondendo -e apontei para uma das câmeras que mostrava a rua do prédio.
Naquele exato momento três figuras vestindo roupas camufladas cruzavam a rua e sumiam atrás de um prédio.
Um comentário:
será que esse diabo vai acabar virando pet do nuke?
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