Quando o planeta já não mais podia suportar a humanidade, uma luz brilhou no horizonte e subiu aos céus.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

86. Caçadores de Diabos

Passan não estava feliz. Mesmo o conhecendo a poucas horas era visível sua irritação com tudo aquilo. Seus quase vinte anos de sobrevivente tinham sido o mais planejados e previsíveis possível, mas as últimas vinte e quatro horas tinham sido uma surpresa atrás da outra. Pensei que ele pudesse por a culpa em mim, mas felizmente não o fez. Simplesmente sentou em frente a um dos monitores, digitou alguma coisa e então ficou com o dedo em cima de um botão do teclado.

-Desgraçados, se entrarem aqui vai ser um problema... -esbravejou Passan, sem esconder a irritação. -Desmiolados de merda, deviam ter ficado na fossa onde se criaram... junto com os outros da ganguezinha.

Lisie arregalou os olhos para Passan, e então desviou o olhar para mim com preocupação. Entendi de imediato o que ela queria dizer: Passan pretendia detonar explosivos caso aqueles homens entrassem no prédio. Precisei intervir:

-Passan, você vai explodi-los? -perguntei tentando me mostrar calmo.

-É claro...

-Mas... bem, isso não pode derrubar a entrada do prédio? Ou mesmo ele todo? Vamos acabar presos!

-Claro que não! Não coloquei tantos explosivos assim! -sua voz era de irritação. -Eu coloquei só algumas cargas, e... -percebi a exitação de Passan e soube que ele não era bom com explosivos o suficiente para saber quão grande seria a explosão.

-Passan, vamos deixar que eles entrem, vasculhem o que queiram e vão embora. Nem sabemos se eles vão entrar, e se entrarem provavelmente vão querer apenas o Diabo. Além do mais, você me deixou entrar e não me explodiu.

-Só deixei porque Lisie pediu, do contrário... -e dizendo isso tirou o dedo do botão. Uma sensação de alívio se espalhou por mim e diminuiu a tensão em meus músculos ao ver que não morreríamos soterrados por concreto e ferro, mas também em saber que Lisie tinha feito o pedido para que eu entrasse no esconderijo. -Tudo bem, vamos ver o que eles querem. Mas se der merda, eu te dou de comida àquele Diabo.

Minutos depois os três homens camuflados se aproximaram da escada de entrada do prédio, portavam antigos rifles de caça com mira telescópica e levavam facas na cintura. Passan se moveu nervosamente na enorme cadeira giratória que ficava logo abaixo do telão das câmeras de vigilância. Os homens subiram a escada de armas em punho, observaram rapidamente o hall de entrada e seguiram para o corredor. Passan apertou os braços da cadeira com força, visivelmente tenso. O caçador mais a frente agachou-se na entrada do corredor e passou os dedos em uma pequena mancha de sangue, então levou-os à boca e os lambeu. Em seguida apontou para o fundo do corredor e pôs-se de pé. Os três ergueram as armas e apoiaram-nas nos ombros, engatilhando uma bala na agulha.

Em outra câmera, o Diabo eriçava-se em seu esconderijo entre dois blocos de concreto. Dentro do abrigo Passan prendia a respiração.

A caçada ia começar. Apenas não sabíamos quem era a caça, ou o caçador.

Um comentário:

Unknown disse...

bora rapaz! tá na hora de ver sangue!!!