Quando o planeta já não mais podia suportar a humanidade, uma luz brilhou no horizonte e subiu aos céus.

sábado, 11 de julho de 2009

48. Vigiados

-Eles vão entrar... -falou Thompson, mais pensando consigo mesmo que afirmando. -E nós vamos sair por onde entramos. Andem logo, continuamos sem tempo a perder.

-O que vamos fazer? -Perguntei, tentando permanecer calmo, enquanto afastava dos pensamentos a morte de Pedra e suas consequência em minha mente.

-Vou programar este aparelho que pegamos de Pedra para que ele tranque todas as portas do prédio, assim, quando estivermos fora daqui, eles terão alguma dificuldade em sair. Para isso preciso ter acesso à rede interna, portanto vamos voltar àquele porão onde entramos. De lá trancarei as portas e sairemos pela janela daquela sala. -Em instantes Thompson tinha terminado de programar o computador e o aparelho. Correu então até uma estante próxima e pegou uma pequena caixa de papelão. De dentro dela tirou uma pequena câmera, como as antigas webcans, e instalou-a num dos computadores, transmitindo o sinal diretamente para o aparelho em suas mãos. -Agora podemos ir. Nuke, ajude Anne e vamos dar o fora daqui.

Eu já estava me acostumando a correr pelos corredores escuros daquele lugar. Seguíamos Thompson de perto, parando ocasionalmente para escutar algum barulho. Por três vezes mudamos nossa rota para evitar um corredor ou salão de onde pensamos ouvir barulho. Nossas mentes fazia parecer que eles estavam em todos os cantos. -Não que eu ache que eles se dividiram e estão vasculhando o prédio todo, mas acho melhor não arriscarmos. -Foram minutos que se estenderam como horas, mas finalmente chegamos à porta onde Thompson feriu Pedra. Descemos as escadas, tomando cuidado para não escorregarmos na grossa camada de poeira, e seguimos até o final do corredor. A pequena lanterna que Thompson tinha mal servia para iluminar o caminho, e ele sequer a apontava para o chão, para que pudéssemos ver onde estávamos andando. Ele apenas a apontava de uma parede a outra, frenéticamente.

-Thompson, ilumine aqui para podermos ver onde estamos indo -arrisquei falar, com a voz mais amistosa possível.

-Estou procurando... achei! -Então ele se aproximou de um painel na parede e abriu sua pequena porta de ferro, que rangeu alto. Dentro havia um emaranhado sem fim de cabos e fios de todas as cores e calibres. -Segure a lanterna para mim, Nuke. Preciso ser rápido, eles com cereza já estão chegando.

-Chegando onde? Aqui?! -Perguntei, deixando escapar um pouco de medo junto com a voz. Mas Thompson não pareceu perceber, estava concentrado olhando a pequena tela do aparelho. Ele havia feito isso o caminho todo, mas agora parecia estar contando em silêncio os segundos. -Thompson...?

-Vejam! -Disse ele, junto com uma risada de triunfo, virando a tela para que eu e Anne pudéssemos olhar. Nela só se podia ver uma porta, vista do ângulo da pequena câmera que Thompson instalara atrás do teclado de um dos computadores. Nada parecia acontecer na sala, mas então percebemos uma movimentação no corredor escuro além da porta. -Eles estão aí faz alguns minutos, por isso eu estava procurando com tanta pressa este painel. Depois que viram o corpo de pedra, resolveram checar se havia mais alguém dentro da sala, e para isso devem ter usado sensores de calor, movimento, ou qualquer baboseira assim.

Mal Thompson terminou de falar, os quatro homens vestidos com uniformes pretos entraram na sala. Três deles continuaram a revista, enquanto um quarto se aproximou do computador onde a câmera estava e começou a digitar no teclado projetado sobre a mesa. Instantes depois ele chamou os outros e apontou para a câmera. Um princípio de briga se seguiu, mas logo eles tinham um motivo maior pra se ocuparem: Thompson já tinha conectado o pequeno aparelho na rede interna do prédio e ativado a tranca automática das portas eletrônicas. Por alguns segundos assistimos a todos eles se revezarem em socar a porta e procurar uma fresta, até que alguém se aproximou da câmera outra vez e a destruiu.

-Vamos embora, eles logo vão dar um jeito de sair. -Advertiu Thompson, desligando o aparelho da rede. Nos apressamos pelo corredor e pela sala mofada atulhada de coisas, e finalmente estávamos nos expremendo para fora daquele prédio, de volta ao frio e à neve.

-Me dê sua mão, Anne -ofereci a ela, quando reparei que ela não se mexia para sair daquele buraco fedorento. Thompson já se adiantara e verificava se havia mais alguém dos Deuses próximo aos veículos.

-Não posso. Tem alguém aqui.

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