domingo, 30 de novembro de 2008
16. Premonição
-Diga-me, jovem, como você se chama?
-Sou Nuke.
-Só Nuke? - perguntou a senhora, após alguns segundos em silêncio.
-Isso, só Nuke. - respondi paciente.
-Humm... Conte-me, como é o mundo lá fora? Você sabe... é cheio de monstros e mutantes, como dizem por aí?
-Infelizmente. Mas não parece tão perigoso assim quando não se tem nada a perder.
-Você tem algo a perder? -disse com sua voz chiada e fraca, enquanto colocava sua mão sobre a minha com ternura.
-Não.
Ficamos alguns minutos em silêncio, remoendo pensamentos sem fim. Fui o primeiro a quebrar o silêncio.
-Senhora, disse que sonhou comigo. O que sonhou, exatamente?
-Sonhei que um jovem viria do sul, trazendo consigo a morte e o fim.
Ergui as sombrancelhas, num misto de riso e surpresa. Estava para responder alguma coisa quando um homem entrou pela tenda.
-Pare de importuná-lo, Mary! Ele precisa aprender as regras por aqui, se instalar e então começar a pagar pela estadia. - o homem era ainda jovem -maduro, mas jovem-, com no máximo 40 anos. Tinha os cabelos curtos e bem cuidados, e sua aparência era bem saudável. Ele me acompanhou para fora da tenda e me levou devolta pela cidade. - Sabe, acho que Mary ainda sente muita falta de sua filha, mesmo que quase duas décadas tenham se passado. Ela sempre diz que a morte a persegue, tentando encontrá-la em meio a essa imundice. Cá entre nós, acho que ela apenas está gagá demais!
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário