-É um... -começou Lisie a falar, mas foi completada por Passan.
-Diabo de Bermil.
-Como pode? À luz do dia?! -sua voz era um misto de surpresa e medo. -Eu... estava lá fora... na mesma hora... não é possível!
Continuamos observando as imagens. O cachorro, que não passava de um punhado de pele e pelos sobre uma frágil carcaça de ossos, desceu pela escadaria do prédio em direção à rua, parando ocasionalmente para lamber as poças de sangue seco no chão. Caminhava lentamente, com a cabeça baixa e olhar assustado. Seus dentes afiados ficavam à amostra, mal sendo cobertos pela pele esticada, e uma de suas patas traseiras parecia ferida. Era a segunda vez em que eu via um Diabo, mas tinha ouvido muitas histórias dos soldados do acampamento de Amrak. Sabia que os Diabos saiam apenas durante a noite, passando todo o dia escondidos em tocas nos escombros. Todos temiam encontrar uma dessas tocas durante as escavações nos escombros, por isso nenhum soldado fazia o trabalho e esse tipo de história era totalmente proibida próxima aos trabalhadores. E, portanto, sabia quão estranho era ver uma daquelas criaturas ali, no meio da rua, à luz do dia.
-Vivo nesta cidade desde muito antes de sua destruição. Vi essas criaturas surgirem dos escombros e se reproduzirem -contou Passan, ainda com os olhos vidrados. -Vi o terror e o medo que elas causam em quem passa por aqui crescer junto com elas. Mas nunca havia visto um Diabo vi à luz do dia. Algo está errado. Muito errado.
De fato algo estava muito estranho naquilo tudo. Nem mesmo os mais amedrontados pelas histórias dos Diabos poderiam imaginá-los caminhando pelas ruínas de Bermil tranqüilamente à luz do dia. O amanhecer sempre significou o fim dos uivos e ganidos que inundam a noite e atormentam o sono daqueles que vivem no que restou da cidade, e pensar que as horas de claridade também seriam assombradas por aquelas criaturas era algo assustador demais. O medo sempre foi uma constante na vida de quem luta para sobreviver sob os escombros da sociedade do mundo antigo, mas os Diabos davam uma nova dimensão a esse medo, principalmente àqueles que um dia tiveram um cão como companheiro.
Subitamente, arrancando-nos de nossos devaneios e trazendo-nos de volta à realidade, um barulho metálico ecoou pelo corredor. O som de metal sendo arranhado bateu em meus ouvidos como num tambor. Meu coração disparou e um arrepio desceu pela coluna, ouriçando os pelos de minhas costas.
-Lisie, você trancou as portas quando desceu? -falou Passan, com pavor na voz.
A pergunta fora retórica. A porta de aço reforçado estava semi-aberta, e pelo vão deixado por ela a escuridão do corredor tentava se arrastar para dentro.
-Fodeu.
Um comentário:
hahahahahah
fodeu foi boa!
porra einh velho! neste ultimo mes vc escreveu mais que o semestre passado todo!
gogogo! se aplique mano!
er... digo...
continue com o trabalho manual!
er... digo...
keep writing.
ok essa ficou razoavel
Postar um comentário