Quando o planeta já não mais podia suportar a humanidade, uma luz brilhou no horizonte e subiu aos céus.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

19. Bunker

-Você já desceu aí?

-Uma vez, dez anos atrás, mas não passei da escada. Éramos em quatro, mas não tínhamos lanternas ou máscaras de gás na cidade, e temíamos que esse cheiro forte que sai daí pudesse ser tóxico, ou até mesmo explosivo.

Não precisou muito para que decidíssemos entrar, já que um bunker com certeza é um lugar muito mais seguro durante um ataque de morteiros. Eu corri até a oficina e peguei duas máscaras de gás, enquanto Thompson pegou em sua casa um par de lanternas. Descemos a escada o mais rápido que pudemos, vencendo seus 50 metros com escorregões e tropeços. Não tínhamos muito tempo para explorar o abrigo, já que tão logo a cidade fosse destruída, os Piratas entrariam para saqueá-la. O ar lá embaixo, mesmo através da máscara, era muito pesado e parado, havia poeira em suspensão e grossas camadas de teias de aranha.

-Há muitas teias de aranha por aqui. Como pode? Supostamente não há insetos aqui para elas se alimentarem.

-Não me pergunte... - disse indiferente a esse aparente capricho do ambiente - Apenas fique próximo de mim para não nos perdermos.

As luzes de nossas lanternas iluminavam pouca coisa adiante, sendo barradas pela camada de poeira e teias. Passamos por algumas salas de escritório, mas não nos demos ao luxo de examiná-las com calma. O tempo era curto e apenas podíamos nos contentar em olha-las pela porta. Cada uma delas parecia um mundo à parte, estático e imutável para todo o sempre, coberto em cada centímetro por uma camada de poeira. Alguns poucos metros adiante o corredor terminou em um grande salão salpicado de pilastras de sustentação. Pelas mesas espalhadas reconhecemos o refeitório, que daria para pelo menos 100 pessoas. Caminhamos até o outro lado, em direção a uma porta que parecia levar a um dormitório. Não fosse pela poeira, era como se ninguém estivesse estado ali. Estávamos para dar mais um passo quando uma explosão fez tremer o chão e um grande estrondo entrar pela escada e chegar até nós.

-Talvez devessemos ir embora, ou podem acabar bloqueando a entrada com um dos morteiros.

-Voce tem razão, eu... - Thompson interrompeu a frase no meio e apontou o feixe de luz para o dormitório. Sobre a cama mais próxima à porta estava um corpo jogado. Eu fiz que não, mas ele se aproximou mais para investigar. Era o corpo de um homem, e apesar de bastante deteriorado, ainda se podia reconhecer o rosto.

-É o corpo de Domn. Ele desapareceu cerca de dois meses depois que descemos aqui. Certamente encontrou uma lanterna e resolveu descer sozinho para saquear -disse apontando para a lanterna quebrada que havia ao lado da cama. - Idiota, morreu por causa de sua própria ganância.

Um barulho de passos e metal arrastando fez nossa adrenalina explodir. Olhamos em volta e vimos um vulto se mechendo por entre as beliches.

-O que aconteceu com os outros dois caras que desceram com você aqui?

-Esqueça isso... Corra!

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