Quando o planeta já não mais podia suportar a humanidade, uma luz brilhou no horizonte e subiu aos céus.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

14. A Cidade do Vale

O tempo parecia se alongar a cada dia que passava. Tudo o que eu tinha como companhia era um infindável mundo vazio onde apenas o silêncio ecoava pelas colinas, pronto para assassinar o primeiro que se aventurasse a quebrá-lo. Caminhei por duas longas semanas após meu encontro com Erwin e já não podia mais suportar dormir em buracos cavados na neve ou comer lagarto ensopado em neve derretida. Mas minha sorte parecia pronta para mudar. Ao final do décimo quarto dia avistei uma pequena cidade, murada com placas de metal e escombros de todos os tipos, que se erguia sobre um elevado de terra de 5 ou 6 metros, no meio de um vale muito largo.

Dormi imaginando quem viveria na cidade e o que eu diria para que me deixassem entrar. As duas torres de vigia que ficavam ao lado do portão da muralha não pareciam muito resistentes, mas do alto do morro inspiravam em mim o respeito que com certeza esperavam que tivessem. Não havia trilhas na neve levando ao portão ou saindo dele, o que indicava que ninguém entrava ou saia de lá a pelo menos 2 dias, também não se via fumaça das chaminés ou qualquer outra movimentação em seu interior. Mal sinal, para um viajante como eu.

Ignorando o perigo que qualquer pessoa sã perceberia, parti ao amanhecer em direção àquele vestígio de civilização que ali resistia à neve e ao frio. Levei mais tempo para descer em segurança a encosta do vale do que para percorrer as poucas centenas de metros que levavam à cidade, e quando estava ainda a muitos passos da rampa que levava ao portão uma voz cortou o vento como uma flecha e chegou a meus ouvidos, fazendo-me parar com uma derrapada.

-Alto lá, viajante. Diga seu nome e o que quer em nossa fortaleza.

-Chamo-me Nuke. Venho em busca de suprimentos e um lugar para descansar. - disse eu, enquanto tentava esconder o sorriso de deboche ao ouvir o guarda se referir àquela montanha de sucata como "fortaleza". Mas é claro que, como todo jovem saudável, eu era extremamente presunçoso e achava que poderia botar abaixo tudo aquilo com bolas de neve e sopa de lagarto.

-Espere aí. - disse o homem na torre, que agora fazendo questão de mostrar o rifle que tinha nas mãos.

-Não tenha pressa, estou admirando a neve cair. - retruquei irônicamente, porém falei mais para mim mesmo que para o guarda.

Alguns minutos depois o homem reapareceu. - Disse que se chamava Nuke. É isso mesmo?- Fiz que sim com a cabeça, retorcendo os olhos para cima com impaciência. O guarda falou alguma coisa para alguém dentro da torre e então voltou a falar comigo. - Entre, Nuke. Tem alguém que quer lhe falar.

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