domingo, 21 de dezembro de 2008
22. Ricos
-Vamos voltar.
-Claro, vamos nessa - falei, fingindo não ter entendido o que ele disse, mas então completei - Tá maluco?! E aqueles caras ali atrás? Vamos pedir carona pra eles também?
-Primeiro a gente se livra deles, depois voltamos. Eu sei de um esconderijo a umas 10 horas daqui, com combustíveis, equipamentos e suprimentos, mas precisamos de mais combustível para chegarmos lá.
-E como vamos nos livrar deles?
-O jipe deles não é adaptado, vê? Não tem esquis ou esteiras, são apenas correntes em volta do pneu. Assim eles só podem andar no gelo ou em terreno firme. Vamos por aqueles morros ali, onde a neve acumula e eles não podem nos seguir - e apontou para a encosta do rio, onde grandes bancos de neve se formavam com o vento.
Foi preciso cerca de duas horas para conseguirmos atolar o jipe. Eles sabiam o que queríamos fazer e por isso relutavam em nos seguir de perto, mesmo quando deixávamos que se aproximassem. Preferiram ficar atirando, torcendo para o vento não desviar os projéteis ou jogá-los contra nós. Mas sobrevivemos ilesos, e finalmente erraram o caminho e acabaram presos em um buraco de escombros e neve fofa.
-Certo. Nos livramos deles. Mas onde vamos achar combustível, agora que a oficina está destruída?
-Com sorte o resto dos veículos deles ficou apenas danificado, e não destruído. Assim podemos esvaziar os tanques e encher os nossos.
E mais uma vez a sorte estava ao nosso lado. A maioria dos veículos estava lá, com buracos na carroceria e soterrados de escombros, mas não haviam queimado ou explodido. Vasculhamos os destroços com cautela, mas não haviam mais piratas vivos, apenas corpos fumegantes e um insuportável cheiro de carniça misturado com excrementos. Havia combustível de sobra, mas não tínhamos como carregá-lo em nossos pequenos snowmobiles, então jogamos o resto nos veículos e ateamos fogo. Claro que antes antes retiramos tudo o que era útil, como kits de primeiros socorros, água, roupas, lanternas e até mesmo camisinhas - que eu duvidava ainda servirem para alguma coisa. Com uma placa de alumínio e alguns pedaços de corda fizemos um trenó, empilhamos tudo nele e cobrimos com uma lona.
Já estávamos de partida quando avistei outro veículo, caído para fora das muralhas, pouco além da entrada da cidade. Nos aproximamos e percebemos que aquele era o veículo do qual os piratas lançavam seus morteiros. Entramos no enorme veículo, que estava de ponta cabeças, e então ficamos ricos. Aquele devia ser o fruto de muitos saques daqueles piratas. Havia morteiros, armas, bebidas, cigarros e revistas pornográficas. Tudo de extremo valor em uma cidade grande.
-Estamos ricos! Estamos ricos! Hahaha! -gritava Thompson, enquanto pulava e girava na neve.
-É... mas onde vamos vender tudo isso? - perguntei, um pouco mais consciente.
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