De fato aqueles caras eram difíceis de ser ver quando estavam parados, a espera de uma vítima, mas qualquer um que estivesse observando uma passagem ou uma rua com um pouco mais de atenção seria capaz de vê-los se aproximando. Mas Passan não estava para brincadeira, ainda que duvidasse da capacidade intelectual daquela gangue de mortos de fome, e não tirou os olhos do monitor. Seu indicador estava apoiado em um dos botões do teclado, pronto para ser apertado. Não resisti e perguntei:
-Por acaso esse botão aí vai detonar uma bomba nuclear, é?
-Nuclear não, mas se aqueles imbecis entrarem aqui -respondeu Passan em tom um pouco sério- vão ter uma bela dor de cabeça pra juntar as partes de seus corpos pelo chão.
Dei uma risada, comi o último pêssego em calda da lata e comecei a observar o imenso telão no fundo da sala que mostrava todas as câmeras instaladas por Passan. Era uma tela quadrada de pelo menos um metro e meio, dividida em vinte e cinco quadrados menores, cada um mostrando uma imagem diferente. Uns 4 ou 5 quadrados mostravam apenas chuvisco, de modo que pelo menos 20 câmeras estavam em funcionamento. Lisie se aproximou para olhar o monitor e senti quando seu braço quase esbarrou no meu, fazendo os pelos arrepiarem em uma onda até o ombro.
-Vamos ver o seu susto de hoje cedo? -e dizendo isso clicou em um dos quadrados da tela que mostrava o hall de entrada do prédio. O quadrado aumentou de tamanho, ocupando alguns dos quadrados adjacentes e botões surgiram próximos à base. Lisie apertou o botão "voltar" várias vezes, mas a imagem mostrada pareceu imóvel. Apenas a variação de luminosidade do hall indicava o passar das horas. Quando a luz começou a ficar mais fraca e uma figura se moveu rápido pela tela Lisie parou. -Pronto, Passan está se aproximando de você, de braços erguidos. E você... tremendo como uma vara verde! -pôs-se a gargalhar, apontando o dedo para mim.
-Devo admitir que fiquei com medo de você se assustar e puxar o gatilho... Nunca se sabe, não é? -Passan tinha decidido que o caminho tomado pela gangue de homens camuflados seguia em uma direção segura e tinha se juntado à Lisie na chacota contra mim. -Um cachorrinho assustado é mais perigoso do que parece... ainda mais quando dão a ele um Ak-47!
Eu nunca tinha visto um gato de verdade, apenas fotos em revistas e desenhos em livros, mas sorri amarelo, fazendo careta, quando ambos se puseram a rir juntos de mim. Estava pensando em algo para tirar sarro dos dois quando uma coisa me chamou a atenção no telão e me fez virar o rosto de repente.
-Vocês viram aquilo?!
-Aquilo o que? -retrucou Passan, arregalando os olhos e se aproximando da tela.
-Volte a imagem, Lisie... isso, pare!
Eu e Passan cruzávamos o hall do prédio e nos dirigíamos para o corredor onde ficava o alçapão. Pouco antes de sumirmos da visão da câmera uma sombra cruzou uma porta do outro lado do salão. Lisie retrocedeu a imagem quadro a quadro, e parou no momento exato em que uma mancha escura saltava de um lado ao outro da porta.
Um comentário:
viado! essas paradas no meio de um mistério/climax é uma puta sacanagem!
O titulo do capitulo ficou bom!
<o.o
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