-Sortudo desgraçado... -comentava o comandante com seus soldados. -Pelas minhas contas esse moleque já devia ter morrido umas três ou quatro vezes desde que o encontrei.
-Acho que ele vai ficar bem, senhor -disse o soldado que estivera ajoelhado. Apenas quando ele se levantou pude ver a cruz vermelha em seu ombro, indicando sua especialidade médica.
-Ótimo, levante-se, temos que ir.
Eu até tentei, mas uma forte dor nas costelas me impediu. Dois soldados tiveram de me ajudar a ficar de pé. Olhei então para baixo e vi um enorme buraco no uniforme camuflado do exército de Amrak. O atirador tinha tentado me atingir, mas o tiro passou de raspão, dilacerando a roupa e o colete a prova de balas que eu usava. Apenas a pancada resultante do impacto tinha me ferido, mas ainda assim doía profundamente. Olhei em volta e tentei entender o que tinha acontecido nos instantes em que fiquei desorientado. Von Ricky falava pelo rádio, alguns soldados tinham se expalhado pelas redondezas e os dois veículos que a pouco tinham partido em busca de quem quer que estivesse naquelas colinas estavam retornando. Reparei que em um deles havia buracos de bala que não existiam quando saímos da cidade.
-Comandante! Comandante! -chamei, fazendo caretas de dor ao caminhar. -O que houve, afinal?
-Um homem abatido e um veículo levemente danificado, do nosso lado -disse virando-se para mim. E continuou, com a mesma seriedade de sempre. -Dois mortos, dois snowmobiles e um carro destruídos do outro lado. Pra sua sorte. Eu já estava esperando pelo ensopado no jantar
-Tá, beleza, ensopado... Quem eram eles, afinal? -ignorando a piadinha sarcástica.
-Eles tinham isso costurado nos uniformes -e esticou o braço, me passando um brasão.
Eu já havia visto aquele símbolo: um cálice branco com uma hóstia e uma auréola em volta.
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